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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Obsolescência programada - Documentário Espanhol - Matéria do Estado de Minas

 

A Obsolescência Programada, um dos segredos do capitalismo


Já notaram como uma bateria que compramos para substituir a original de um produto, seja de um celular, telefone sem fio ou notebook, por exemplo, nunca dura tanto quanto a bateria original? Ou como as impressoras jato de tinta se recusam a imprimir do nada, exigem trocas de cartuchos cada vez mais rápidas? Compramos uma máquina de lavar, e em pouquíssimos anos elas já esta parando de funcionar e exigindo manutenção, geralmente tão cara que nos leva a comprar um produto novo?
É muito comum notarmos como os produtos mais antigos duravam mais, eram mais confiáveis, e funcionavam até por décadas. Muitas vezes vemos esse mecanismo como apenas uma redução de custo das empresas, através do uso de materiais mais baratos e piores.
Mas a coisa vai mais a fundo. Desde a o inicio do século XX os capitalistas começaram a ver que produtos duráveis nem sempre eram vantajosos para os seus lucros, e que poderiam intervir nisso. Em especial na segunda metade do século XX um novo conceito se estabeleceu, a obsolescência programada. Seja através do design, da durabilidade, pela redução da manutenibilidade de produtos, o capitalismo busca fazer não produtos melhores, mas piores.
Confiram essa fundamental história no documentário abaixo. Esta narrado e legendado em espanhol mas dá para acompanhar bem, mesmo para quem não conhece a língua.
Nele temos casos sensacionais, como o cartel das lâmpadas, que reduziu sua longevidade de 2500 horas ou mais para 1000 horas, o caso da bateria dos ipods, das meias de Nylon iniciais, praticamente indestrutíveis, e de outros produtos que mostram que o capitalismo anda há tempos em rota de choque com um mundo de recursos naturais em esgotamento.

 “Não se fazem mais lâmpadas, geladeiras, televisores, carros e outras coisas como antigamente”. Muitos aqui já ouviram ou falaram isso, mas poucos sabem profundamente como isso funciona e por que os anseios desenfreados da sociedade por tecnologia, inovações, design eu outros fatores comportamentais, que fazem um consumidor achar que é melhor que os outros por ter um determinado produto, estão cada vez maiores.

O documentário a seguir é um bom começo para estimular a arte do pensar no consumidor egocêntrico. De nada adianta defender uma causa sem conhecimento e atitude. Em tempos de discussão sobre sustentabilidade e meio ambiente é preciso que o cidadão pare de repetir frases feitas e perceba que o seu papel na sociedade de consumo é o principal.

coluna zero, meio ambiente, consumismo, marketing, sustentabilidade, consumo consciente, documentario, video, obsolescência programadaProduzido pelo Canal 2 da Televisão Espanhola e RTVE, o documentário “Comprar, descartar, comprar: A história secreta da Obsolescência Programada” faz uma viagem na história e detalha uma prática empresarial empregada desde os anos 1920 que consiste na redução da vida útil de um produto para incrementar o seu consumo. Este trabalho foi rodado em 5 países e é o resultado de três anos de investigação, faz uso de imagens de arquivo pouco conhecidas, junta provas documentais e mostra as desastrosas consequências para o meio ambiente que derivam desta prática. Confira abaixo (em espanhol com legendas):


Morte anunciada  
Equipamentos feitos para durar pouco tempo e incentivo à constante troca por produtos atualizados são responsáveis, cada vez mais, pelo acúmulo do lixo eletrônico no planeta


Publicação Estado de Minas 09/02/2012 Caderno de Informática. Repórter Silas Scalioni


Você sabe por que os aparelhos eletrônicos estragam com tanta frequência, sendo que muitas vezes o preço de um conserto é praticamente o mesmo de um novo? Ou por que as atualizações de produtos e softwares são feitas com tanta frequência? Consegue entender a razão de tantos lançamentos em prazos tão curtos de tempo e por que, com tanta tecnologia disponível, não se consegue fabricar equipamentos ou componentes mais resistentes?

A resposta é simples: porque não interessa à indústria produzir bens que sejam realmente duráveis. Afinal, quanto mais for a necessidade de trocas, maior será a possibilidade de consumo. Ou seja, mais vendas, mais receitas, mais lucro. Isso é o que se chama de obsolescência programada, algo que a gente sabe que existe, que a indústria não admite abertamente e que ajuda em muito a girar a economia. Só que a um custo que vem ficando cada vez mais pesado para a sustentabilidade do planeta, uma vez que montanhas de lixo eletrônico são produzidas por tais práticas.

TUDO PELO CONSUMO “Os equipamentos de hoje têm muita tecnologia e pouca durabilidade”, atesta o técnico em eletrônica Marco Aurélio Pinto de Faria, que conserta equipamentos há 16 anos. Exemplificando, ele informa que a vida útil de uma TV fabricada nas décadas de 1980 e 1990 era de 20 a 30 anos. “Hoje, em média, é de cinco.” Para Roberto Francisco de Souza, vice-presidente de Sustentabilidade da Sociedade de Usuários de Informática e Telecomunicações de Minas Gerais (Sucesu-MG), atualmente os produtos podem ser fabricados com o tempo de validade que se quiser. “Na China, um desenvolvedor, ao encomendar algo ao fabricante, pode escolher o nível de qualidade que deseja. Assim, é possível fazer aparelhos similares que podem durar mais ou menos tempo, de acordo com a qualidade e durabilidade dos componentes escolhidos”, informa.

Essa prática teve início nos anos de 1920, quando um cartel definiu que as lâmpadas iriam ter duração máxima de 1.000 horas, de modo que as empresas pudessem controlar a produção e o consumo, como ocorre até hoje. O assunto já mereceu destaque até em documentário da cineasta espanhola Cosima Dannoritzer, tentando mostrar o lado sombrio de tais ações. E o Informátic@ mostra nesta edição como professores, técnicos e executivos enxergam o tema.

Feitos para não durar  
Obsolescência programada de eletrônicos movimenta a economia, mas produz consequências

Publicação Estado de Minas 09/02/2012 Caderno de Informática. Repórter Silas Scalioni

Cenas do documentário de Cosima Dannoritzer: envio ilegal de lixo ao Gabão (REPRODUÇÃO)
Cenas do documentário de Cosima Dannoritzer: envio ilegal de lixo ao Gabão
 Não há dúvidas de que a indústria utiliza determinados artifícios para definir a validade de alguns artigos, e isso ocorre principalmente no que se refere aos produtos tecnológicos. Desde os anos 1920, quando um cartel decidiu que as lâmpadas deveriam ter uma só duração, em torno de 1 mil horas, e assim criar demandas de consumo regulares, que é assim. Exemplo mais recente dessa prática, comprovada, foi a primeira geração do iPod, o revolucionário MP3 player da Apple, que rendeu causa à Justiça norte-americana. Tudo porque um artista nova-iorquino, Casey Neistat, pagou US$ 500 por um aparelhinho cuja bateria estava programada para durar apenas oito meses, sem possibilidade de troca. Depois disso parou de funcionar. Para a reclamação dele, a resposta da Apple foi simplesmente que ele deveria comprar um iPod novo.

O caso foi para as ruas e acabou sendo assumido por uma advogada de São Francisco, Elizabeth Pritzker, que entrou com uma ação coletiva contra a empresa da maçã, que já havia vendido mais de 3 milhões de unidades nos Estados Unidos. A Apple acabou fazendo um acordo para substituição das baterias e aumentando a garantia dos tocadores de música. Embora a empresa negue, esse foi um típico caso de obsolescência programada. Hoje, ao lançar produtos incompletos, que sofrem atualizações alguns meses depois (como ocorre regularmente com o iPhone e iPad, cujas novas versões são sempre apresentadas com alguma novidade que poderia ter estado na anterior), a Apple, como em geral as empresas de tecnologia, não deixa de estar incentivando uma obsolescência.

O que gera muito lixo eletrônico, conforme mostra a cineasta espanhola Cosima Dannoritzer no seu documentário The light bulb conspiracy (A conspiração da lâmpada), ainda sem data para exibição no Brasil. Ela vem investigando o tema já há algum tempo e demonstra, no seu trabalho, que a indústria recorre mesmo a práticas não muito éticas para determinar a validade de produtos. Segundo a cineasta, pensando em manter um crescimento com consequente geração de empregos num curto prazo, a obsolescência programada até faz algum sentido. O problema é o futuro, pois a longo prazo isso está gerando montanhas de lixo. Para ela, essa prática, que funcionou bem no passado, não pode ser usada para sempre, pois as consequências, que já estamos vivendo, são sérias.


SAIBA MAIS
Círculo vicioso

A estratégia da substituição pode ser vista ainda na parceria entre os desenvolvedores de sistemas operacionais comerciais e os fabricantes de hardware. Com as novas funcionalidades oferecidas pela versão mais atual do sistema operacional chegam também maiores exigências de hardware. Como consequência disso, o usuário que decidir fazer o upgrade do software vai se ver diante de um computador mais lento, o que o levará a fazer também a aquisição de um novo hardware. Ao mesmo tempo, os novos conjuntos de hardware apresentam novas performances e, assim, pedem versões mais recentes dos sistemas operacionais para serem bem aproveitadas. “Trata-se de um círculo vicioso que gera uma demanda dupla, na qual novos softwares precisam de novos conjuntos de hardware e vice-versa”, revela Raoni Rajão.


Inovação a favor da sustentabilidade 
Produtos mais amigáveis e reais políticas públicas ambientais podem amenizar o problema

Publicação Estado de Minas 09/02/2012 Caderno de Informática. Repórter Silas Scalioni


"Novos modelos são lançados em espaços de tempo cada vez mais curtos. Linhas de celulares são renovadas a cada seis meses, criando uma verdadeira neurose por produtos inovadores", Eduardo Romeiro Filho, professor Departamento de Engenharia de Produção da UFMG
O acesso ao consumo e utilização de produtos tem sido tradicionalmente associado a uma forma eficiente de inclusão social. No Brasil, a oferta de novos produtos se acelerou a partir dos anos 2000, com o aumento da renda, crescimento do mercado interno e a entrada de inúmeros produtos estrangeiros. “Entretanto, essas novas configurações, que normalmente apresentam inovações tecnológicas em níveis diversos, nem sempre significam uma vantagem para os usuários”, afirma Eduardo Romeiro Filho, professor do Departamento de Engenharia de Produção da UFMG, ao salientar que muitas vezes o resultado é o oposto. Ou seja, a nova configuração ou tecnologia normalmente incorpora uma nova interface, novas funções e formas de uso, que podem representar um verdadeiro labirinto para o consumidor, inibindo a adequada utilização do produto e, em última análise, a incorporação dos benefícios oferecidos por ele.

Às empresas, segundo ele, cabe a concepção de objetos e de interfaces mais adequadas. Criar um artigo amigável é hoje um dos maiores desafios do design na criação de produtos que sejam acessíveis e fáceis de usar, dentro de conceitos de usabilidade. “Dificuldades de compreensão de funções e de uso de recursos disponíveis e problemas observados junto a usuários de sistemas eletrônicos, como celulares, computadores, tablets, iPads e iPods, chamam a atenção para um aspecto cruel das novas tecnologias, em especial se associadas ao atual padrão de sociedade, no qual as pessoas são levadas cada vez mais a antenarem-se e manterem-se na crista da onda”, afirma.

PESADELO
Nesse ponto, para ele, reside outro problema importante: os novos modelos são lançados em espaços de tempo cada vez mais curtos. Linhas de celulares são renovadas a cada seis meses, criando uma verdadeira neurose por produtos inovadores. “Esses equipamentos apresentam vantagens que nem sempre significam ganho real para os consumidores, como, por exemplo, a capacidade de armazenar milhares de músicas. Em quanto tempo alguém poderá ouvir todas as músicas arquivadas em seu celular?”, questiona.

Tais aspectos trazem problemas adicionais, pensando-se em termos de sustentabilidade. Quanto mais produtos descartados, quanto mais rápido ocorre esse descarte, mais problemas ambientais. “Mesmo se descartados de forma adequada (o que raramente ocorre), produtos eletrônicos apresentam problemas para desmontagem e reciclagem por usarem um grande número de materiais que são de difícil separação e reaproveitamento. A redução da vida útil dos produtos de consumo só complica o problema ambiental.”

Completando, ele ressalta que estamos diante de uma oportunidade única na história da tecnologia, quando a liberdade nos é oferecida para que possamos criar verdadeiros objetos de sonho. “Cabe aos envolvidos na concepção desses objetos, entretanto, cuidar para que essa perspectiva não se transforme em uma realidade de pesadelo, onde estejamos em um mundo que nos é cada vez mais complicado, repleto de problemas ambientais e, muitas vezes, ameaçador.”


ONDE DESCARTAR SEU ELETRÔNICO
Associação Municipal de Assistência Social (Amas)

» Aceita qualquer material eletrônico.
» Rua Resende Costa, 212, Bonfim. Aberto de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h.
» (31) 3277-8069
» www.amas.org.br/

Centro Mineiro de Referência em Resíduos
» Não recebe resíduos, só equipamentos de informática que estejam em condições de recondicionamento. É preciso ligar e marcar com antecedência. Assina-se um termo de doação, se o material for aprovado para a coleta.
» Avenida Belém, nº 40, bairro Esplanada – Belo Horizonte
» (31) 3465-1204
» www.cmrr.mg.gov.br

Centro de Recondicionamento de Computadores (CRC)
» Recebe qualquer equipamento eletrônico, mas recupera somente o que é de informática.
» Rua José Clemente Pereira, nº 440, bairro Ipiranga – Belo Horizonte
» ( 31) 3277-6259

ONG Comitê para Democratização em Resíduos (CDI) Minas
» Aceita equipamentos de informática e periféricos, inclusive que não estejam funcionando, salvo monitores queimados. É preciso entrar em contato antes da doação.
» (31) 3280-3313/ 8403-9956
» www.cdimg.org.br

Empresa Mineira de Lixo Eletroeletrônico (Emile)
» Coleta eletrônicos e eletrodomésticos. É só ligar e agendar que a empresa busca o material na sua casa. Há também pontos de doação em shopping de Nova Lima, escolas e universidades de Belo Horizonte.
» Rua Maria das Mercês Lima, nº 256, bairro Betim Industrial – Betim
» (31) 3044-5280
» www.emile.net.br


OBSOLÊSCÊNCIA VISTA NA PRÁTICA
Técnico em eletrônica há 16 anos, Marco Aurélio Pinto de Faria, de 34, conserta televisões, forno de micro-ondas, aparelhos de DVD e Blu-ray, entre outros. Ele atesta que hoje os aparelhos têm muita tecnologia e pouca durabilidade. Como exemplo, ele explica que a maioria dos equipamentos eletrônicos tem circuitos integrados e chips de memória feitos de silício. Só que atualmente é usado um "silício pobre", menos puro e misturado a outros metais, como estanho, chumbo, óxido de ferro. O resultado disso aparece na pouca durabilidade do componente, que fica com menor sensibilidade a temperaturas e baixa tolerância a variações de tensão. Da mesma forma, os gabinetes (a parte de fora dos equipamentos) eram feitos de um plástico mais resistente. "A vida útil de uma TV fabricada nas décadas de 80 e 90 era de 20 a 30 anos. Hoje é de cinco em média", ressalta Marco Aurélio. Lançamentos constantes de modelos que, segundo o fabricante, suplantam os anteriores e, por outro lado, formas de pagamento mais acessíveis, fazem com que o brasileiro tenha uma mentalidade mais consumista, preferindo trocar logo um equipamento que deu defeito a consertá-lo. “Essa troca acaba criando impacto ambiental muito grande, pois componentes feitos de metais poluentes, como chumbo, magnésio, óxido de ferro e cobre são, muitas vezes, descartados de forma incorreta”, afirma o técnico, que recomenda encaminhar aparelhos que não serão mais usados para centros de recolhimento de resíduos.


A vida (pouco) útil dos softwares

Publicação Estado de Minas 09/02/2012 Caderno de Informática. Repórter Silas Scalioni

Vice-presidente da Sucesu-MG, Marcelo Siffert diz que atuais modelos de comercialização foram construídos quando nem havia internet, o que os torna obsoletos (Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)
Vice-presidente da Sucesu-MG, Marcelo Siffert diz que atuais modelos de comercialização foram construídos quando nem havia internet, o que os torna obsoletos
 Não só hardwares são programados para ter uma determinada vida útil. Também os softwares acompanham essa linha e contribuem para a sujeira eletrônica do planeta. Para o vice-presidente-executivo da Sucesu-MG, Marcelo Siffert, a comercialização de software é realizada de forma a dar ao consumidor acesso a última versão disponível.

Segundo ele, para que se tenha acesso às atualizações e novas versões, o mercado oferece alguns modelos ao consumidor. Um deles é a compra de um contrato de atualização e suporte, que dá ao usuário direito a ter um produto atualizado e com o suporte de funcionamento. “É uma espécie de garantia”, diz ele, ressaltando que normalmente o fornecedor cobra um percentual na faixa de 20% ao ano em um contrato. “Essa prática é bastante utilizada no mercado corporativo.”

Em outro modelo, o software é vendido por um tempo limitado e assegura ao consumidor funcionamento e as atualizações durante um determinado período. Depois disso, é preciso fazer uma nova aquisição. Um exemplo desse sistema é a compra regular de antivírus. “Há ainda o processo em que o fornecedor disponibiliza atualizações para o consumidor sem custos adicionais. A Microsoft oferece essa prática no Windows. Porém, a atualização não ocorre gratuitamente quando é lançado um novo produto”, revela.

COMPLEXIDADE 
 Ele destaca a recente adoção pelo mercado de cloud computing. Em linhas gerais, nesse processo o consumidor compra um serviço e o software fica disponível na internet, como se fosse um aluguel. “É um modelo que está em evolução e que altera bastante os atuais de comercialização de softwares”, explica, ressaltando que o mercado é complexo e com muitas inovações.

Entretanto, de acordo com ele, há nesse mercado práticas bem questionáveis e que poderiam ser associadas a obsolescência programada. É o caso do lançamento de produtos inacabados para ocupar espaço; a comercialização de produtos sem todas as suas funcionalidades e informações ao consumidor para se inteirar sobre as funcionalidades das novas versões; atrelamento do funcionamento do software a um determinado modelo de equipamento (exemplo disso é o que ocorre com celulares que utilizam versões do Android, o que pode levar a troca de aparelhos para ter novas funcionalidades); ou associação da compra de um produto à compra de um contrato de atualização e suporte, que obriga o consumidor a pagar a cada cinco anos, em média, o valor de um novo software.

 “Os modelos de comercialização foram construídos numa época em que não existia internet, mobilidade e a tecnologia não tinha a abrangência atual. Vivemos uma nova sociedade, uma era digital da informação e da total conectividade”, enfatiza. O mercado de software, para ele, está chegando a um momento de maturidade e de novas possibilidades. “Um momento ideal para rever paradigmas e buscar um novo modelo que atenda essa nova sociedade. O planeta vai agradecer muito”, complementa.

Entre as lógicas ambiental e econômica

Publicação Estado de Minas 09/02/2012 Caderno de Informática. Repórter Silas Scalioni

Para o professor Raoni Rajao, se uma empresa tiver de decidir entre resultados financeiros e o meio ambiente, sempre escolherá  a primeira opção (Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)
Para o professor Raoni Rajao, se uma empresa tiver de decidir entre resultados financeiros e o meio ambiente, sempre escolherá a primeira opção
O professor adjunto de estudos sociais da ciência e da tecnologia – engenharia de produção da UFMG Raoni Rajão diz que as grandes empresas já perceberam que não é mais possível ignorar a atual onda da sustentabilidade. “O esverdeamento corporativo, que começou como uma forma de se diferenciar, hoje é visto por muitos como uma necessidade para se manter no mercado”, afirma ele, enfatizando que é possível reduzir o impacto ambiental sem interferir nos negócios e nos lucros. Porém, em muitos casos o conflito entre a lógica ambiental e a econômica é inevitável. Por mais que uma empresa de computadores consiga substituir alguns componentes e diminuir a periculosidade de seus produtos ao serem descartados, o lançamento frequente de modelos e o aumento das vendas gera inevitavelmente centenas de toneladas de lixo eletrônico de difícil processamento e reciclagem. “O pior é que nas ocasiões em que a empresa for obrigada a escolher entre salvar os resultados financeiros e o meio ambiente, a primeira opção vai prevalecer.”

PRÁTICAS DA INDÚSTRIA

Para ele, a obsolescência programada no setor da alta tecnologia é das estratégias organizacionais contemporâneas que melhor ilustram a superioridade da lógica econômica sobre a ambiental. As últimas décadas foram marcadas por uma velocidade crescente entre o desenvolvimento de novas tecnologias e o lançamento de produtos. “Por trás disso podemos encontrar, além da dedicação de cientistas e visionários, uma política industrial de grande impacto ambiental, que cria produtos com uma vida útil limitada, seja pela pouca durabilidade, seja pela velocidade com que outros mais avançados são lançados”, afirma.

Raoni Rajão diz que é possível perceber a influência da obsolescência programada por meio de duas práticas atualmente difundidas na indústria. A primeira parte de uma lógica simples: produtos com vida útil mais longa significa menor volume de vendas. Para evitar isso, são criados designs com componentes de vida útil curta e sem abrir possibilidades de substituições a preços viáveis. “Essa estratégia pode ser vista, por exemplo, na bateria do iPhone, que como toda bateria recarregável tem vida útil de alguns anos. “O problema é que enquanto as baterias de tocadores de música portáteis e celulares podiam ser facilmente trocadas, a do iPhone é inacessível ao usuário e não é vendida separadamente pela Apple no Brasil. Sendo assim, o consumidor é obrigado a trocar o seu aparelho praticamente a cada dois anos”, informa.

A outra forma em que se pode perceber a presença da estratégia da obsolescência programada é na frequência com que são lançados novos modelos e na escalada de funcionalidades que eles oferecem. “Como explica George Frederick, um dos criadores desse conceito, as empresas devem não só satisfazer as necessidades de seus clientes ao oferecer artigos que eles ainda não têm como também atribuir um sentido de modernidade a eles. Sendo assim, mesmo que o cliente já tenha um aparelho, ele vai se sentir na obrigação de substitui-lo por um modelo mais novo e avançado”, explica.

No caso do iPhone, segundo ele, é possível notar claramente essa prática. A câmera digital das primeiras versões do aparelho vinha com apenas 2MP, uma resolução muito abaixo das dos smartphones concorrentes. Somente a partir do iPhone 4S, lançado no fim do ano passado, que o equipamento alcançou 8MP, resolução semelhante à dos smartphones de ponta. “Assim, a Apple incentivou duas ondas de consumo de seus produtos. A primeira, relativa aos novos usuários de iPones; a segunda, aos usuários que buscam atualizar seus celulares com recursos atualizados”, afirma.


Obsolescência programada

publicado por Gui Brammer no site http://www.inovacaoverde.com.br/

Segundo Wikipedia:
Obsolescência programada é o nome dado a vida curta de um bem ou produto projetado de forma que sua durabilidade ou funcionamento se dê apenas por um período reduzido. A obsolescência programada faz parte de um fenômeno industrial e mercadológico surgido nos países capitalistas nas décadas de 1930 e 1940 conhecido como descartalização, causando grandes danos ao meio ambiente e prejuízos aos consumidores em geral. Faz parte de uma estratégia de mercado que visa garantir um consumo constante através da insatisfação, de forma que os produtos que satisfazem as necessidades daqueles que os compram parem de funcionar tendo que ser obrigatoriamente substituídos de tempos em tempos por mais modernos.
Na minha opinião este é um dos principais problemas que a humanidade sofre no mundo atual. Desde que publicidade ganhou força no pós-guerra, fomos programados a consumir de forma muitas vezes sem pensar. Hoje nos EUA se gasta mais com os Self-Storage do que com alimentos como leite e pão por exemplo. Ou seja, gastamos mais para ter onde colocar o que muitas vezes nunca usamos e nunca usaremos. Isto assusta.
Um amigo teve sua tv de LCD queimada com 3 anos de uso, quando foi receber o orçamento do concerto, o valor era quase 2/3 de uma TV nova. O que mais o aflingiu foi ver mais de 15 Tvs deixadas por seus donos, pois o concerto não vale a pena!
No Brasil nós ainda não temos soluções industriais para a reciclagem do tão temido lixo-eletrônico. Por exemplo, todo celular coletado nas lojas de fornecem este serviço são enviados para países que reaproveitam algumas partes destes aparelhos, como plástico da carcaça, metais e as vezes baterias. O restante é direcionado para aterros saniários sem controle algum.
Temos mais de 180 milhões de celulares em operação no Brasil, está meta foi comemorada como um indicador de crescimento economico.
Um executivo especilizado neste mercado me confidenciou que a vida útil hoje de um celular é de 7,5 meses. Então poderemos dizer sem medo de errar que em menos de 5 meses mais de 100 milhões de celulares não terão uma destinação adequada em nosso Brasilzão, é brincadeira?!
Um movimento interessante vem mobilizando milhares de pessoas pelo mundo, este movimento leva o nome Electronics TakeBack Coalition onde as pessoas envolvidas estão devolvendo para os fabricantes os objetos eletrônicos que não mais funcionam.
O movimento está ganhando força tal que CEOs de grandes empresas estão vindo à público para dizer que estão mudando os materiais utilizados em seus produtos, e também facilitando a manutenção dos produtos quando estes apresentarem defeitos.
Mais uma vez a rede social mostrando sua força para um movimento inteligente.
Abaixo um video sobre como o mercado de eletrônicos está estruturado hoje e também mostra algumas alternativas. A autora, Ann Leonard, é bem conhecida pelo video The Story of Stuff, e criou esta série ” The Story of Eletronics” que vale a pena investir alguns minutos.

Programado para morrer

  • Publicado no Estadão 22 de janeiro de 2012 - Repórter Tatiana de Mello Dias
A obsolescência programada reduz a durabilidade de produtos para estimular o consumo, mas um documentário vem mostrar o lado sombrio desta prática raramente admitida pela indústria


Cenas do fim.
O filme foi lançado em 2010. Cosima está nos EUA apresentando-o em festivais. Não há previsão de estreia no Brasil. FOTOS: Reprodução
SÃO PAULO – A cineasta Cosima Dannoritzer usa o mesmo celular há 13 anos. “Ele nem tira fotos, mas eu tenho uma câmera para isso”, diz. Depois de ouvir lendas urbanas sobre obsolescência programada – a prática da indústria de determinar uma vida útil curta em seus produtos para vender mais –, ela decidiu investigar o tema. E a realidade se tornou ainda mais estranha para ela.
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Em seu documentário, The Light Bulb Conspiracy (A conspiração da lâmpada, em inglês), Cosima mostra que a indústria tem práticas escusas para determinar a validade dos seus produtos. E isso ocorre especialmente na indústria da tecnologia.
O caso da primeira geração do iPod é emblemático. Casey Neistat, um artista de Nova York, pagou US$ 500 por um iPod cuja bateria parou de funcionar 8 meses depois. Ele reclamou. A resposta da Apple foi “vale mais a pena comprar um iPod novo”. O caso virou uma ação de rua nos cartazes publicitários da Apple, retratada no vídeo iPod’s Dirty Secret. O filme foi visto por Elizabeth Pritzker, uma advogada de São Francisco. Ela entrou com uma ação coletiva em nome dos consumidores – naquela altura, a Apple já havia vendido três milhões de iPods pelos EUA.
No caso do primeiro iPod, a empresa fez um acordo com os consumidores. Elaborou um programa de substituição das baterias e estendeu a garantia dos iPods por US$ 59. A Apple disse ao Link que “a vida útil dos produtos varia muito com o seu uso”.
“Eu acredito que o desenvolvimento do iPod foi intencionalmente uma obsolescência programada”, diz a advogada no documentário.
De diretora, Cosima abraçou a causa e virou ativista contra o consumismo. “Na indústria da tecnologia, muitos consumidores estão sempre procurando pela última versão, para ter novas funções, mas também para seguir a moda”, afirma. “Muitas formas de obsolescência programada estão juntas. Na forma tecnológica pura, mas também na forma psicológica em que um consumidor voluntariamente substitui algo que ainda funciona só porque quer ter o último modelo.”
Uma dessas travas eletrônicas é a que está em impressoras a jato de tinta. No filme, um rapaz vai à assistência para consertar sua impressora. Os técnicos dizem que não há conserto. O rapaz então procura pela web maneiras de resolver o problema. Ele descobre um chip, chamado Eeprom, que determina a duração do produto. Quando um determinado número de páginas impressas é atingido, a impressora trava.
A Epson nega. A assessoria de imprensa afirma que não há nenhum prazo para seus produtos. “Rejeitamos totalmente a afirmação de que eles são fabricados para apresentar defeitos depois de algum tempo”, disse. “A almofada de tinta e o Eeprom mencionados no programa são instalados para manter a alta qualidade da impressora e não para controlar a vida útil do produto.”
Crescimento. A prática, porém, não é de agora. A história da obsolescência programada confunde-se com a história da indústria no século 20. E tudo começou com lâmpadas.
Na década de 1920, um cartel que reunia fabricantes de todo o mundo decidiu que as lâmpadas teriam uma validade: 1.000 horas (embora a tecnologia da época já pudesse produzir lâmpadas mais duráveis, e uma lâmpada de 100 anos que ainda permanece acesa é citada logo no início do documentário). Assim, as empresas conseguiriam garantir que sempre haveria consumidores para seus produtos.
Com a crise de 1929 o consumo caiu. E a obsolescência programada se consolidou como uma estratégia da indústria para retomar o crescimento.

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O economista Bernard London foi o primeiro a teorizar sobre a prática. Em 1932, publicou o livro The New Prosperity. O primeiro capítulo deixa claro: “Acabando com a depressão através da obsolescência programada”. Ele sugere que, se as pessoas continuassem comprando, a indústria continuaria crescendo e todos teriam emprego.
Em teoria, diz Cosima, não há nada de errado na obsolescência programada. “Nós não queremos um computador com 20 anos de idade”, exemplifica. “Mas a vida útil dos produtos está se tornando mais curta e não dá para atualizar nada sem jogar o objeto inteiro no lixo”, diz a cineasta.
E é aí que vem a conta. Cosima visitou lixões em Gana, na África, para chegar o final da cadeia produtiva dos eletrônicos de consumo rápido. Viu pessoas serem exploradas em busca dos metais valiosos dos produtos.
“Se eu uso meu celular por dois anos em vez de um, não é um grande sacrifício, mas se todos fizerem isso, significaria que apenas metade dos celulares em desuso seriam enviados para lixões ilegais.”
Para a diretora, a crise mundial mais uma vez pode refletir no comportamento da indústria. Só que, desta vez, ao contrário. Na Consumer Eletronics Show, a CES, maior feira de tecnologia dos EUA, que ocorreu no início do ano, a pirotecnia de lançamentos de aparelhos dividiu espaço com outra tendência: a durabilidade dos produtos. Passou quase despercebido, mas algumas empresas já estão partindo para a “desobsolescência programada”, como escreveu Lance Ulanoff, editor-chefe do site de tecnologia Mashable.
Programado. Chip EEPROM, encontrado dentro das impressoras
Ele cita as smart TVs “à prova de futuro” da Samsung, que têm um kit para se manterem atualizadas. “Claramente a Samsung descobriu que os consumidores não estão tão interessados em TVs de alta definição que ficam desatualizadas ou saem de moda em poucos anos de uso”, escreveu. Ele também falou do Motorola Droid Razr Max, smartphone Android, cuja bateria roda até 15 horas de vídeo com uma carga.
“Há empresas que estão vendendo produtos mais duráveis convencendo seus consumidores de que isso é um bom investimento”, diz Cosima. Ela cita no documentário as lâmpadas ultra-duráveis da Philips que ficam acesas por até 25 mil horas. Segundo a assessoria da Philips, os produtos verdes representaram 31% do total das vendas da companhia. Foram mais de 800 lançamentos nessa área nos últimos dois anos.
“A obsolescência programada sempre faz sentido enquanto você pensa em como manter o crescimento da indústria e a criação de empregos a curto prazo”, diz Cosima. “O problema é a longo prazo. Estamos usando nossos recursos naturais e criando montanhas de lixo. A obsolescência programada funcionou bem no passado, mas estamos começando a ver as consequências. É um sistema que não pode ser usado para sempre.”

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