“A CPI do HSBC ressuscitou hoje no Senado Federal e só não vai apurar o maior escândalo fiscal da história se não quiser, por motivos subterrâneos”, festejou na tarde desta terça-feira (25) o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), autor da proposta de criação da comissão parlamentar e seu vice-presidente.
Randolfe estava especialmente gratificado pelo sucesso da teleconferência realizada no auditório do Interlegis, anexo do Senado, com o franco-italiano Hervé Falciani, o especialista em informática que vazou a lista de contas secretas da agência do banco HSBC em Genebra.
Respondendo a perguntas de Randolfe e de mais dois senadores, traduzidas para o francês simultaneamente, Falciani falou durante uma hora e meia numa audiência pública, aberta a jornalistas e interessados.
Falciani, saudado por Randolfe como um ‘delator premiado’ do SwissLeaks, ampliou o espectro de investigação sobre o caso que envolve o vazamento dos dados de 106 mil contas secretas em 203 país, com depósitos estimados em 180 bilhões de euros. O Brasil aparece nessa lista como o 4º país com maior número de clientes (8.667 pessoas, titulares de 6.606 contas) e o 9º país com maior volume de depósitos (cerca de US$ 7 bilhões).
O delator do SwissLeaks se dispôs a ajudar a CPI do HSBC, fornecendo a lista de brasileiros e ampliando as informações sobre o esquema supostamente criminoso das contas secretas.
Falciani autorizou a CPI a constituir uma comissão de especialistas que irá ao seu encontro na Espanha, onde vive atualmente, para definir o protocolo de entendimento que já cumpre com países como Argentina, França, Espanha e Bélgica.

CPI será prorrogada
Diante da contundência do depoimento de Falciani, o relator da CPI, senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) pediu que a CPI, instalada em março passado, seja prorrogada. O final do trabalho está previsto para 21 de setembro e, diante da disposição de Falciani de colaborar com a CPI, será necessário aprovar a prorrogação pelo voto mínimo de 27 senadores, 1/3 do plenário da Casa, nos termos do Art. 152 do Regimento Interno.
Houve um momento de tensão, na teleconferência, quando o senador Ciro Nogueira (PP-PI) fez três perguntas com a visível intenção de desqualificar o depoimento, o que provocou uma defesa veemente e irônica de Randolfe: “Senador Ciro, precisamos respeitar o sr. Falciani, que está aqui colaborando para esclarecer um crime, atuando na condição de um delator premiado. Exatamente o que fazem os presos Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef e Ricardo Pessoa, todos delatores da Operação Lava Jato”.
No processo da Petrobrás, o empreiteiro Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, contou ao juiz Sérgio Moro que mandou entregar em dinheiro vivo R$ 1,5 milhão para um assessor do senador Ciro Nogueira (PP-PI), em três parcelas pagas até março do ano passado, quando foi deflagrada a operação que apura desvios na Petrobrás.CE - Comissão de Educação, Cultura e Esporte